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Catolicismo Romano
Catolicismo Romano

 

Cristianismo Antigo e Catolicismo Romano

O catolicismo romano não foi estabelecido quando o cristianismo se tornou a religião oficial do império romano. Nem foi estabelecido num determinado momento na história (como também não foi a ortodoxia oriental ou o protestantismo), mas é o catolicismo romano, resultado de vários acontecimentos históricos e de um longo processo de desvios na doutrina e práticas que se sucederam ao longo dos séculos na Igreja de Roma. 


É certo que se o cristianismo não se tivesse tornado a religião oficial do império romano, a Igreja de Roma nunca teria tido a influência desmesurada que teve no Ocidente, e nunca teria existido o catolicismo romano, mas esse acontecimento não foi a única nem a suficiente causa para o surgimento do que hoje conhecemos como Igreja Católica Apostólica Romana, que além de uma instituição religiosa é um Estado independente. 

O catolicismo romano passou a ser definido, a partir do ano 380d.C com o decreto dos imperadores. Ficou estabelecido que a partir daquele momento, o cristianismo, era a unica forma de religião aceita, a partir dai, é que o declínio se tornou cada vez maior!!! 

Este decreto é chamado o Édito de Tessalónica e o que resulta deste é o fim da liberdade religiosa no Império romano, que tinha sido concedida pelo imperador Constantino cerca de 70 anos antes, e proclama o cristianismo (não o catolicismo romano) como a religião oficial do império. 



Segue todo o texto do decreto traduzido da mesma obra que refere:

"Desejamos que todas as pessoas, sob a influência benigna das nossas regras de clemência, voltem-se para a religião que a tradição desde Pedro até aos dias de hoje declara ter sido entregue aos Romanos pelo bem-aventurado Pedro Apóstolo, a religião que é claro o Pontífice Dâmaso e Pedro, Bispo de Alexandria, um homem de santidade apostólica, seguem; esta fé é que creiamos, de acordo com a disciplina apostólica e a doutrina evangélica, que há um Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, em igual Majestade e uma santa Trindade. Ordenamos que aqueles que seguem esta doutrina recebam o título de Cristãos Católicos, mas os outros, nós os jul¬gamos serem loucos e delirantes e dignos da desgraça resultante do ensinamento herético, e as suas assembléias não são dignas de rece¬ber o nome de igrejas. Eles devem ser punidos não só pela retribuição divina mas também pelas nossas próprias medidas, que decidimos de acordo com a inspiração divina. 
Dado na terceira calenda de março em Tessalônica, Graciano e Teodósio sendo cônsules"



O decreto refere-se a doutrina ortodoxa da Trindade estabelecida em Niceia. Os outros “loucos e delirantes” e as assembleias que não devem ser chamadas de igrejas são os grupos hereges antitrinitários (como os arianos, patripassianos, novacianos etc.), que não se tinham dado por vencidos após o concílio de Niceia e continuavam a criar conflitos pelo Império. 

Na mesma obra que refere, os autores comentam este Édito dizendo:

Comentário:


"Este Édito é o primeiro que definitivamente introduz a ortodoxia Católica como a religião oficial do mundo Romano. Ele marca o fim da grande controvérsia religiosa do século IV sobre a Trindade, ocasionada pela heresia Ariana e suscitando definições do dogma ortodoxo pelos Concílios de Nicéia (325) e de Constantinopla (381). O reconhecimento da verdadeira doutrina da Trindade é tornado a prova de reconhecimento do Estado. A citação da Sé Romana como o modelo de crença correta é significativo, a menção do nome do patriarca de Alexandria com a do papa foi devido à forte defesa da Sé Egípcia da posição trinitária, particularmente sob Santo Atanásio. A última frase do Édito indica que os imperadores contemplam o uso da força física a serviço da ortodoxia, este é o primeiro caso registrado de tal orientação".

 

Ainda assim não se evidencia falar em catolicismo romano a priori, nem confundir Cristianismo Antigo com o Catolicismo Romano. Em rigor, só tem cabimento falar de Catolicismo Romano depois do cisma do Oriente ocorrido em 1054, para distinguir a Igreja de Roma das Igrejas Ortodoxas orientais e outras independentes de Roma. 

Antes desta data deve-se falar em Igreja de Roma, Igreja do Norte de África, Igreja de Alexandria, Igreja de Jerusalém, Igreja Grega etc. Todas estas igrejas eram independentes, sendo que através de concílios ecuménicos mantinham uma comunhão universal (católica) de igrejas.

Assim, no século IV a jurisdição da Igreja de Roma limitava-se à cidade de Roma e aos seus subúrbios. É claro que umas igrejas eram mais importantes politicamente que outras. A Igreja de Roma, sendo a Igreja da capital do Império e a única "sé apostólica" do Ocidente, tinha uma grande importância religiosa e política. Se o bispo de Roma não subscrevesse as decisões de um concílio ecuménico havia um grande problema político e religioso no Império. 

Ora, este equilíbrio de Igrejas com o tempo foi desfeito à mesma medida que ia sendo desfeito o império, porque as Igrejas do Norte de África foram perdendo força até desapareceram com as invasões Árabes. Com as Igrejas de Alexandria e Jerusalém ocorreu a mesma coisa e praticamente desapareceram após as invasões Árabes. De modo que restaram apenas dois grandes centros da cristandade. A Igreja de Roma e a Igreja de Constantinopla. 

Foi só no ano de 445 que o bispo de Roma Leão Magno conseguiu do imperador, que nessa altura já se tinha mudado para o Oriente, a jurisdição sobre todo o Ocidente. O Império Romano do Ocidente estava em decadência e poucos anos depois acabou por cair. 

Então a Igreja de Roma ficou livre do Estado imperial e do imperador, e ganha ainda mais força política, porque no meio do caos instalado vai ocupar o poder político e temporal deixado vago pelo Império. O bispo de Roma torna-se assim praticamente como um novo imperador do Ocidente. No século VIII, o papado apoiado numa falsificação chamada Doação de Constantino cria os Estados pontifícios e não quis deixar o poder temporal senão até data recente. Enquanto isso a Igreja no Oriente continuava sob a alçada do Império Romano do Oriente e dos imperadores. 

 

Depois da "cristianização" do Império Romano por Constantino, ocorreram acontecimentos diversos, alguns dos quais contribuíram para afirmar a fé ortodoxa (em sentido estrito) tal como se expressa nas definições e nos Credos dos primeiros concílios ecuménicos que todos os cristãos podem subscrever. 


O desvio doutrinal com respeito às doutrinas bíblicas não foi súbito, completo nem generalizado. Mas certamente ocorreu e deu lugar ao surgimento do que hoje conhecemos como Igreja Católica Apostólica Romana, com sua estrutura hierárquica, doutrinas e práticas que em muitos casos não são conformes às Escrituras. Isto não significa que no princípio absolutamente tudo fosse mau ou estivesse corrompido para lá de toda a possibilidade de recuperação.

Aqueles que sustentam a tese da apostasia total são geralmente grupos heréticos ( os sabatistas[testemunhas de jeová e extremistas do advento) e os mórmons são um caso típico) ou simplesmente ignorantes da complexa história da Igreja.

As doutrinas distintivas da Igreja de Roma e que são aportes propriamente seus são todas muito tardias e desconhecidas para a Igreja antiga, como o dogma da Transubstanciação e delimitação de sete sacramentos, que é necessário para a salvação estar sujeito ao papa, a definição do cânon do AT com inclusão dos apócrifos, a Tradição oral apostólica em pé de igualdade com as Escrituras, a Imaculada Conceição, o primado e a infalibilidade do papa, a Assunção Corporal da virgem Maria, etc. 

Em outras palavras, o bom que tem a Igreja de Roma é o que traz da antiguidade (primeiros quatro séculos), que não foi aporte primariamente seu (com excepção da carta de Leão Magno que foi ratificada em Calcedónia). A maior parte do que acrescentou é alheio ou contrário à revelação bíblica.

Por Fernando Saraví.