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Como a Bíblia chegou até nós, em debate!
Como a Bíblia chegou até nós, em debate!

 É muito comum os católicos virem contra nós com uma apaixonante e não menos falaciosa afirmação sobre a origem da Bíblia. "A Bíblia foi feita pela e para a Igreja Católica". Para sustentar tal afirmação os católicos com muita audácia e desinformação fazem perguntas como essa logo abaixo:

"Você sabia protestante: Que as cartas do novo testamento foram reconhecidas entre milhares de apócrifas através da infalibilidade da igreja? Sabia que essas cartas foram escolhidas e ajuntadas com as do AT para serem lidas no culto da Missa (único culto deixado pelos apóstolos)? Sabia que esse conjunto de cartas foi batizado pela igreja com o nome Bíblia? Sabia que a igreja travou 3 séculos de briga contra os gnósticos que queriam tomar posse da bíblia? Sabia que durante anos a igreja protegeu a bíblia dos Marxistas que queriam excluir todo AT e as cartas de Paulo? Agora que você sabe UM POUCO da história desse magnífico livro que carrega debaixo do braço, pare de cuspir no prato que você comeu, pois se você tem uma Bíblia hoje, deve isso a igreja católica, A Única fundada por Jesus Cristo!"

Contudo, tal objeção católica acima, ignora que os livros do Novo Testamento não foram escolhidos dentre milhares de outros livros devido a infalibilidade da Igreja, mas sim devido a própria infalibilidade dos 27 livros... os livros do NT, não receberam autoridade nem declaração de autenticidade por determinada Igreja só por que foram reunidos em um volume unico, mas, os proprios escritos do NT, os 27 que reconhecemos e aceitamos hoje, atribuem a si mesmos a inspiração divina e portanto autoridade de Palavra de Deus e escritura sacra, superior a outros escritos posteriores!

Quando se fala em canonicidade dos escritos sagrados é bem comun muitos católicos radicalistas afirmarem que foi a Igreja Católica Romana quem deu origem ao canôn. Isso é um argumento sem fundamento algum, pois o fato é que não só a Igreja Romana mas, qualquer outra Igreja, que se diz cristã devem ser reguladas pelo canon em vez de governá-los, então a igreja não é a causa do cânon. Outros defensores do catolicismo cometem o mesmo erro afirmando que a igreja é quem deu origem ao cânon. Eles negligenciam o fato de que foi Deus (por inspiração) quem causou as Escrituras canônicas, não a igreja.

É preciso deixar bem claro e especificar aos católicos romanos, o fato de que foram os apóstolos e profetas do Novo Testamento que não hesitaram em classificar seus escritos como inspirados, ao lado do Antigo Testamento. Logo, cabia a igreja emergente, a tarefa apenas de reunir tais livros.... Os quais já eram respeitados, colecionados e circulavam na igreja primitiva como Escrituras Sagradas. Outros Livros, por não apresentarem a mesma autoridade que os 27, foram excluidos...

Portanto, o Novo Testamento reivindica inspiração divina a si mesmo.... Com a exceção única de Teodoro de Mopsuéstia [c.400], [...] verificou-se que foi impossível produzir, no longo decurso dos oito primeiros séculos do cristianismo, um único doutor da igreja que negasse a plena inspiração das Escrituras, a não ser a negação que se encontra no seio das mais violentas heresias que têm atormentado a igreja cristã.

Em resumo, portanto, a inspiração do Novo Testamento baseia-se na promessa de Cristo de que seus discípulos seriam dirigidos pelo Espírito em seus ensinos a respeito do Senhor. Os discípulos creram nessa promessa e a assimilaram, havendo claros indícios de que os próprios autores do Novo Testamento, bem como os de sua época, reconheceram o cumprimento dessas promessas. Criam em que o Novo Testamento havia sido divinamente inspirado, pelo que, desde os primórdios do início dos registros cristãos, tem havido apoio unânime à doutrina da inspiração do Novo Testamento, em igualdade de condições com o Antigo Testamento.

Segue abaixo um esquema de debate sobre esse assunto, entre um católico e um evangélico. Assim ficará mais fácil compreender nossa posição contra a objeção citada no inicio do artigo e contra a afirmação falaciosa de que a Bíblia teria sido feita por católicos(romanos) e para os católicos romanos.


 

Católico Romano:
"Se vc tem uma bíblia hoje, vc deve isso a igreja católica, A Única fundada por Jesus Cristo! No inicio do cristianismo as escrituras sagradas não estavam em um livro facil de achar como hoje, foi a Igreja Católica com os Bispos e Padres quem constituiu a Bíblia! Por isso sem a Igreja Católica a Bíblia não existiria!"

RESPOSTA APOLOGÉTICA: 

Não foi a ICAR (instituição religiosa sediada em Roma) que determinou os livros que comporiam o cânon do Novo Testamento. Na verdade, antes mesmo de a igreja romana assumir sua proeminência dentre as outras igrejas, muitas obras e escritores cristãos já reconheciam quais livros eram realmente inspirados por Deus. Só pra dar um exemplo, o fragmento muratoriano, datado de cerca de 170 a.C, já trazia uma lista com a maioria daqueles livros que hoje reconhecemos como canônicos. Nesta época não havia papa (havia só o bispo de Roma que era como todos os outros), nem magistrado infalível, nem sede eclesiástica em Roma.

Tais ecritos não eram lidos na missa, pois missas não existiam no Cristianismo primitivo. O que existiam eram cultos e isso não é mérito da igreja romana.

Não sei de onde você tiraram a idéia de que a ICAR batizou as Escrituras de "Bíblia". Pelo que sei, o primeiro a usar tal termo foi João Crisóstomo no séc. IV. Também não vejo mérito nenhum nisso (supondo que seja verdade). Pois a palavra "Bíblia" é o plural grego da palavra Biblion=livro. E nada mais natural do que chamá-la assim, já que ela é um conjunto de livros. Mas lembre-se que antes disso, ela era chamada de "Escritura", "Sagradas Escrituras", "Sagradas Letras" etc. Designações não faltavam.

E não foi a instituição sediada em Roma que travou três século de brigas contra os gnósticos; foi a verdadeira igreja de Cristo espalhada por todo o Império Romano. Elas tinham sede em Alexandria, Jerusalém, Constantinopla, Antioquia e Roma (que não a principal; isso aconteceu depois). Tal argumento é tão frágil que um ortodoxo refutaria facilmente, argumentando que a igreja verdadeira é a Católica Ortodoxa, que foi fundada por Pedro em Antioquia (antes de Roma, onde nem se tem certeza se foi Pedro mesmo quem a fundou). Assim, ele rebateria que foi a verdadeira igreja quem preservou a Bíblia e os romanistas é que são dissidentes da verdadeira igreja de Cristo, no caso a ORTODOXA. Mas veja se ele não teria razão?! A igreja deles de fato é mais antiga que a de Roma.


Quanto a dizer que nós protestantes, devemos agradecer a Igreja de Roma pela 
preservação das Escrituras, isso é verdade apenas em parte, antes disso, os romanistas deveriam também agradecer a Igreja Oriental, pois grande parte do mérito pela defesa e preservação das Escrituras contras as heresias antigas é dos pais orientais. Agradeçam a eles: Policarpo de Ismirna, Inácio de Antioquia, Justino Martir, Irineu de Lion, Clemente de Alexandria, Orígenes e outros.

Pelo visto, quem precisa estudar um pouquinho mais de História do Cristianismo é quem fez a rídicula afirmação acima em forma de pergunta capcioa passando tanta desinformação. Mas se algum católico quiser trazer as fontes históricas para suas afirmações, fiquem a vontade. Façam isto antes de ficarem bancando PhD´s em história eclesiástica. Proxima...


 

Católico Romano:

"O seu problema assim como o de todo protestante, é estudar história da igreja e acreditar só no que querem. A história mostra que na época de Constantino a igreja já tinha seu Bispo de número 32, mas vcs insistem que Constantino fundou a igreja. A história mostra claramente a sucessão apostólica como Pedro sendo o 1º Bispo da igreja em Roma, mas vcs não querem acreditar. A Igreja guarda tantas outras cartas dos cirstãos primitivos que comprovam a catolicidade do cristianismo desde o 1º século, mas vcs dizem ser heréticas só por não fazerem parte do cânon bíblico.

Primeiramente, o protestantismo não possui histórico religioso antes do século XV para querer contrariar alguma coisa. Agora, o que vc não sabe é que Bispo de Roma que vc citou era o Líder da igreja assim como Pedro foi, o título de Papa apenas surgiu depois. Sobre São João Crisóstomo, vc deveria saber que ele foi Padre e Bispo da Igreja católica e quem usou a expressão de bíblia para as escrituras. Antigamente as pessoas em sua maioria não possuíam sobrenomes, por isso não era tão fácil saber quais cartas eram realmente inspiradas, isso só foi possível graças a infabilidade do magistério da igreja. A Igreja católica realmente fez essa junção de livros para serem lidos no culto da missa, coisa que é feita até os dias de hoje. Faça um favor a vc mesmo amigo, ao invés de estudar em sites protestantes, procure estudar quem realmente entende do assunto, estude os artigos e vídeos do Doutor Thomas Wood, o mais conceituado historiador moderno do século XX e XXI, formado em PHD na mais conceituada Universidade do mundo HAVARD.. E descubra que a igreja recebeu o nome de católica ainda no 2º século, e que sempre foi católica. Descubra que a igreja ja celebrava o culto da missa desde o 1º século, escondidos do império romano nas catacumbas de roma, e que pediam intercessão dos apostolos. Nas catacumbas foram encontradas diversas imagens pintadas nas paredes de Jesus, dos apóstolos, de Maria, de crianças sendo batizadas, etc.

Descubra as cartas de Inácio de Antioquia, de Cipriano, Tertuliano, todos bispos católicos do 1° e 2º século. Protestantismo se cura com estudo e reflexão!"

 

RESPOSTA APOLOGÉTICA:

Puro sensacionalismo dizer que protestante não tem respaldo para contrariar o catolicismo romano. E não se trata de protestantismo surgir no século XVI, trata-se do CRISTIANISMO existir há dois mil anos e nós fazemos parte disso, e de afirmamos e provarmos que não é ROMA em exclusividade a IGREJA DE CRISTO, assim como também temos a prontidão de desmascarar as inverdades propagadas pelos apaixonados e falaciosos romanistas. 

Enquanto que muitas doutrinas protestantes remontam aos pais da igreja e até mesmo aos tempos bíblicos, diversas doutrinas romanistas não passam tradições superticiosas, desenvolvidas tardiamente e nada tem de apostólicas. Então, o argumento de que o protestantismo não possui histórico religioso antes do século XVI é pura fábula. É claro que como movimento cultural, politico e religioso, realmente o protestantismo é um construto do século XVI, mas no que tange as suas doutrinas ele é tão ou mais antigo que o Catolicismo ROMANO.

 

Também não passa de um frágil espantalho dizer que nós protestantes afirmamos que a Igreja Católica foi fundada por Constantino, não afirmamos isso e muito menos que a Igreja Romana o fora. O que sempre afirmamos é que a catolicidade da Igreja não é exclusiva a Roma. O termo católico inclui todas as igrejas cristãs espalhadas pelo mundo sendo Roma apenas mais uma entre as inúmeras.

Quando os cristãos do passado se referiam a Igreja Católica, não tencionavam de alguma forma citar Roma em exclusividade mas sim, falavam de toda Igreja UNIVERSAL, que jamais fora submetida á alguma autoridade eclesiastica com sede em Roma. Fora isso, a igreja conhecida hoje como Ortodoxa surgiu BEM ANTES da igreja de Roma, sendo ela mesma fundada por Pedro e Paulo, onde os Cristãos foram assim chamados pela primeira vez - At 11:26. E foi em Antioquia que ambos os termos 'CRISTÃO" e "CATÓLICO", foram pela primeira usados. E é de um bispo antioquino e não Romano, muito citado pelos romanistas, que temos a comprovação de que "isto se cumpriu (((primeiramente na Síria))), pois ‘os discípulos eram chamados de cristãos na Antioquia’, quando Paulo e Pedro (((estabeleciam as fundações da Igreja)) (Inácio aos Magnésios, Versão Longa, Cap.10)). 

 

Quanto a Igreja de Roma ter sido fundada por Pedro isso não passa de descarada afirmação desprovida de respaldo histórico não passando portanto de uma lenda romanista, pois “Pedro só chegou a Roma nos últimos anos da sua vida, e a sua função de bispo não passa de uma lenda. Prova disso é que seu nome não aparece nas listas mais antigas da sucessão episcopal” (Peter De Rosa, HISTORIADOR, “Vicars of Christ”). E “Com efeito, provavelmente o primeiro bispo romano, em algum sentido significativo, foi Sotero (166-174)” (Paul Johnson, História do Cristianismo, Editora Imago, 2001, Págs 77,78). Portanto, como bem afirma uma fonte católica romana, “Não se pode considerar a comunidade Romana como fundação (((nem de Pedro nem de Paulo))), como o quer a tradição referida pela primeira vez por Irirneu.” (Adv Haer. III, 1,1; III, 2,3) “Foi antes fundada(((por judeus-cristãos desconhecidos)))” (Dicionário Patrístico e de Antiguidades Cristãs, edição conjunta Vozes e Paulus, 2002, pág 1076).

Foi muito tempo depois da "cristianização" do Império Romano por Constantino, que ocorreram acontecimentos diversos, alguns dos quais contribuíram para afirmar a fé ortodoxa (em sentido estrito) tal como se expressa nas definições e nos Credos dos primeiros concílios ecuménicos que todos os cristãos podem subscrever. O desvio doutrinal com respeito às doutrinas bíblicas não foi súbito, completo nem generalizado. Mas certamente ocorreu e deu lugar ao surgimento do que hoje conhecemos como Igreja Católica Apostólica Romana, com sua estrutura hierárquica, doutrinas e práticas que em muitos casos não são de acordo com às Escrituras. Isto não significa que no princípio absolutamente tudo fosse mau ou estivesse corrompido para lá de toda a possibilidade de recuperação.

De fato e verdade, as doutrinas distintivas da Igreja de Roma e que são aportes propriamente seus são todas muito tardias e desconhecidas para a Igreja antiga, como o dogma da Transubstanciação e delimitação de sete sacramentos, que é necessário para a salvação estar sujeito ao papa, a definição do cânon do AT com inclusão dos apócrifos, a Tradição oral apostólica em pé de igualdade com as Escrituras, a Imaculada Conceição, o primado e a infalibilidade do papa, a Assunção Corporal da virgem Maria, dentre outras heresias, etc. 

E mesmo que o tal número de bispos de Roma seja de fato verídico (e há controvérsias quanto a isso, como demonstrado acima), isso em nada provaria que o bispo de Roma sempre teve primazia sobre toda a igreja antiga. O que a história mostra é que durante os primeiros séculos, a Igreja Cristã sempre teve como principais centros as cidades de Antioquia, Jerusalém, Constantinopla, Alexandria e Roma. E durante os primeiros séculos Roma não teve primazia sobre elas. Roma era uma diocese como as outras e o bispo de Roma, era um patriarca como os outros. Aliás, na obra de Eusébio, o único bispo chamado de Papa, é Heraclas patriarca de Alexandria (232-248). Em momento algum em sua obra histórica, Eusébio se refere ao bispo de Roma com tal designação. Onde fica o sumo pontifice romano nessa história? Ele era o único papa, cabeça da igreja? Segundo Eusébio de Cesaréia, NÃO.

Portanto, citar uma lista com os nomes de todos os bispos de Roma, ainda que exata, em nada provaria a doutrina papal, nem a sucessão apostólica. Arranjem outro argumento; esse não serve.

Sobre as cartas que Igreja Romana guarda e que provariam a ROMANICIDADE(melhor este termo do que o termo "católico", já que católico quer dizer apenas "universal") do Cristianismo Primitivo, seria bom os romanistas nos mostrarem tais escritos, pois na verdade e de fato, ALGUMAS (não todas) opiniões dos antigos pais da igreja são realmente heréticas. Por exemplo, Origenes acreditava que havia várias criações de Deus e que essa, que estamos vivendo, é apenas uma delas. Assim, ele dizia que a cada nova criação nós ressucitamos e nossa condição de vida nessa nova criação seria determinada pela nossa vida na presente.

Essa tese (verdadeiramente herética) é um prato cheio para espíritas que buscam de todas as formas provar que suas doutrinas remontam ao Cristianismo Primitivo. Tertuliano de Cartágo -- todos sabem -- se embrenhou pelos caminhos da seita montanista. Veja então que algumas opiniões eram de fato heréticas, e devemos reconhecer isso. Contudo, nós, protestantes, reconhecemos o grande valor e contribuição da teologia pratística para a defesa da fé e propagação do evangelho.

Além disso os escritores patrísticos não eram romanistas. Muitos dos pais da igreja defendem a doutrina "protestante" da Sola Scriptura:

“Mas agora, por meio dos conteúdos das Escrituras estimada santa e profética entre vós, eu tentar provar tudo o que eu tenho apresentado, na esperança de que algum de vocês possa ser encontrado para ser parte do remanescente, que foi deixado pela graça do Senhor dos Exércitos, para a salvação eterna” (Justino, Diálogo com Trifão, Cap.32)

"De nada mais temos aprendido o plano de nossa salvação, senão daqueles através de quem o evangelho nos chegou, o qual eles pregaram inicialmente em público, e, em tempos mais recentes, pela vontade de Deus, nos foi legado por eles nas Escrituras, para que sejam o fundamento e pilar de nossa fé" (Irineu, Contra as Heresias, 3.1.1, p.414)

Tudo o que é imposto para a vida material é vinculativo para a multidão, mas o que é adaptado para viver bem, isto é, as coisas pelas quais a vida eterna é adquirida, deve ser capaz de ser reunida a partir das Escrituras por aqueles que a leem” (Clemente de Alexandria, Cristo, o Educador, 13)

“Mostre-nos a escola de Hermógenes que o que ela ensina está escrito: se não está escrito, trema em vista do anátema fulminado contra aqueles que acrescentam à Escritura, ou tiram alguma coisa dela” (Tertuliano, Contra Hermógenes, cap. 22)

Muitos pais da igreja não acreditavam na jurisdição universal do bispo de Roma. Veja estas citações:

“Ante isto, Victor, que presidia a igreja de Roma, tentou separar em massa da união comum todas as comunidades da Ásia e as igrejas limítrofes, alegando que eram heterodoxas, e publicou uma condenação por meio de cartas proclamando que todos os irmãos daquela região, sem exceção, estavam excomungados. Mas esta medida não agradou a todos os bispos, que por sua parte exortavam-no a ter em conta a paz e a união e a caridade para com o próximo. Conservam-se inclusive as palavras destes, que repreendem Victor com bastante energia”

(Eusébio de Cesareia, H E, Livro V, 24:9)

Percebe-se que o "papa" Victor, o décimo quarto segundo a lista oficial, foi repreendido pelos outros bispos por excomungar indevidamente as comunidades da Ásia. E não é só.

“E encontrando-se em Roma o bem-aventurado Policarpo nos tempos de Aniceto, surgiram entre os dois pequenas divergências, mas em seguida estavam em paz, sem que sobre este capítulo se querelassem mutuamente, porque nem Aniceto podia convencer Policarpo a não observar o dia - como sempre o havia observado, com João, discípulo de nosso Senhor, e com os demais apóstolos com quem conviveu -, nem tampouco Policarpo convenceu Aniceto a observá-lo, pois este dizia que devia manter o costumes dos presbíteros seus antecessores. E apesar de estarem assim as coisas, mutuamente comunicavam entre si, e na igreja Aniceto cedeu a Policarpo a celebração da eucaristia, evidentemente por deferência, e em paz se separaram um do outro; e toda a Igreja tinha paz, tanto os que observavam o dia como os que não o observavam” 

(Eusébio de Cesareia, HE, Livro V, 24:16-17)

Algo muito interessante é a pequena divergência entre Policarpo e o "papa" Aniceto sobre uma determinada prática religiosa. De certo, Policarpo não via Aniceto como infalível.

Mas vamos falar de um importante dogma do Catolicismo Romano, a Imaculada Conceição de Maria. Será que todos os pais da igreja acreditavam nela? Não, é a resposta:

"Maria pertence ao número daqueles de quem Cristo profetizou que haviam de se escandalizar nEle, como os apóstolos, ela também ficou perturbada com a catástrofe da cruz; e era necessário que pecasse assim em certa medida, para que também ela fosse remida por Cristo" (Orígenes, Homília 17, sobre Lucas)

"Porque somente Deus é sem pecado, e o único homem sem pecado é Cristo, desde que Cristo é também Deus” (Tertuliano, “De Anima”, XI)

"Nas bodas de Caná, Maria foi molesta e ambiciosa" (João Crisóstomo, Homília sobre Mt 12:48).

"Nós dizemos algo do que se encontra escrito; mas não sabemos quanto perdoou aos anjos, pois a eles também perdoou, já que somente um está livre de pecado, Jesus, que nos limpou dos nossos pecados" (Cirilode Jerusalém, Catechetical Lectures, Lecture 2, Section 10).

Sobre a transubstanciação, muitos dos pais tinham idéias também compartilhadas por nós protestantes. Veja:

“Os símbolos místicos (o pão e o vinho) não abandonam a sua natureza depois da consagração, mas conservam a substância e a forma em tudo como antes” (Teodoreto, Dialogus, Liber II)

“O sacramento do corpo e do sangue de Cristo é verdadeiramente coisa divina; mas o pão e o vinho permanecem na sua substância e natureza de pão e vinho” (Gelásio, Das duas naturezas)

“Antes da consagração o chamamos pão, mas depois perde o nome de pão e torna-se digno que o se chame o Corpo do Senhor, embora a natureza do pão continue tal nele” (Crisóstomo, Epístola a Cesário)

“Porque assim naquele que é também vosso evangelho o anunciou Deus, chamando ao pão o seu corpo; para que daqui também entendas que deu a figura de pão ao seu corpo” (Tertuliano, Contra Marcião, III. 19)

Quanto a sugestão para que leiamos argumentos católicos e não apenas protestantes, isso já fazemos e muito, não é a toa que os refutamos. 

Sobre o livro de Thomas Woods "Como a Igreja Católica Construiu a Civilização Ocidental" de fato é um ótimo livro. Realmente, a Igreja Romana contribuiu em muito para a formação de nossa cultura, edução, ciência etc. E Woods trata muito bem destas questões. Contudo, o que estamos debatendo aqui não é a contribuição da ICAR para nossa civilização, mas sim suas doutrinas. As muitas doutrinas católicas que surgiram tardiamente e não tem ligação com os primeiros cristãos. E o que expomos aqui já é suficente para fundamentar nossa afirmação de que não passa de pura fábula essa conversa fiada de que a Igreja Romana foi quem nos deu a Bíblia como ela é.

Agora pergunto, será que algum romanista lê obras protestantes de autores como como Kenneth Latourette, Roger E. Olson, F.F. Bruce, Norman Geisler dentre outros? Se não, façam esse esse favor, não vejam apenas um lado da moeda; não ouçam apenas um aspecto da história; vocês irão se surpreender.

Sobre João Crisóstomo, o mesmo não era padre, era Bispo de Constantinopla (e o próprio Código de Direito Canônico estabelece diferença entre Padres e Bispos) e os ortodoxos dizem que ele era ortodoxo, já que era oriental.


 

Pois bem, ignorando completamente o que foi dito acima, eis que o romanista continua em sua argumentação já refutada.

Católico Romano diz:

Seria um erro duvidar dos escritos extra bíblicos preservados pela igreja católica, sendo que ela mesma também preservou a bíblia. Se vc se diz tão conhecedor da história da igreja primitiva, já deve ter visto então cartas como essas:

Inácio de Antioquia em 107 D.C: "Onde comparecer o BSIPO, aí esteja a multidão, do mesmo modo que, onde estiver Jesus Cristo, aí está a IGREJA CATÓLICA”(Epístola aos Esmirnenses c 8, 2).

São Policarpo: “A Igreja de Deus que peregrina em Esmirna à Igreja de Deus que peregrina em Filomélio e a todas as paróquias da IGREJA SANTA E CATÓLICA em todo o mundo”.(c.8).

São Clemente: “Não só pela essência, mas também pela opinião, pelo princípio pela excelência, só há uma Igreja antiga e é a IGREJA CATÓLICA. (Stromata1.7. c. 15).

Cipriano (200-258) “atrevem-se estes a dirigir-se à cátedra de Pedro, a esta igreja principal de onde se origina o sacerdócio… esquecidos de que OS ROMANOS NÃO PODEM ERRAR NA FÉ” (Epist. 59,n.14, Hartel, 683)

“Estar em comunhão com o Papa é estar em comunhão com a Igreja Católica.” (Epist. 55, n.1, Hartel, 614);

“E não há para os fiéis outra casa senão a Igreja Católica.” (Sobre a unidade da Igreja, cap. 4);

“Roma é a matriz e o trono da Igreja Católica.” (Epist. 48, n.3, Hartel, 607).

”Se a sucessão dos bispos for levada em conta, quanto mais certa e benéfica a Igreja que nós reconhecemos chegar até o próprio Pedro, aquele que portou a figura da Igreja inteira, a quem o Senhor disse: ‘Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela’. O sucessor de Pedro foi Lino, e seus sucessores em ordem de sucessão ininterrupta foram estes: Clemente, Anacleto, Evaristo, Alexandre, Sisto, Telésforo, Higino, Aniceto, Pio, Sótero, Eleutério, Victor, Zeferino, Calisto, Urbano, Ponciano, Antero, Fabiano, Cornélio, Lúcio, Estêvão, Sisto, Dionísio, Félix, Eutiquiano, Caio, Marcelino, Marcelo, Eusébio, Miltíades, Silvestre, Marcos, Júlio, Libério, Dâmaso e Sirício, cujo sucessor é o presente bispo Anastácio. Nesta ordem de sucessão, nenhum bispo donatista é encontrado” (Santo Agostinho, Ep. 53,2).

 

RESPOSTA APOLOGÉTICA:

Pra começar, outro espantalho romanista podemos ver acima, pois ninguém sugeriu que sejam inautenticas as cartas deixadas pelos pais da igreja e que foram preservadas. E depois, sabemos muito bem que os antigos pais consideravam a Igreja como Católica, mas em parte alguma lemos eles se referindo a Igreja, como CATÓLICA ROMANA. Nem é preciso ir muito longe, basta voltar ao início do artigo e se verá esse ad nauseam romanista refutado. 

O problema é que muitos católicos romanos ao lerem os pais da igreja e veem as muitas referências ao termo "católica" pensam logo que se trata daquela organização romana, quando na verdade não é assim. Quando se usa o termo "católica" quer se ressaltar a universalidade da igreja. O mesmo se dá com a palavra "tradição". Todas as vezes que leem nos pais tal palavra, os romanistas pensam logo tratar-se de uma outra fonte de revelação e autoridade que está a par das Escrituras. Mas, na verdade a tradição nos pais da igreja era apenas aquela interpretação oficial que se tinha das Escrituras e que servia para a preservação do erro e supressão das heresias, não uma fonte de autoridade extra-bíblica.

Pois bem, quantos as citações patrísticas, vemos que além do romanita ser presunçoso é também mais um argumentador barato que sequer checa suas próprias fontes pois nada do que ele atrubue a Cipriano, jamais foi dito na verdade. Não há nada sobre a cátedra de Pedro, nem sobre Roma ser a igreja principal e muito menos sobre a "inerrância dos romanos". Vê-se aí claramente o costume que os argumentadores romanistas tem, por apelar para fraudes e fábulas. As Epistolas de Cipriano Bispo de Cartago, podem ser lidas aqui(https://www.newadvent.org/fathers/0506.htm), numa fonte oficial do catolicismo romano.

 

Sobre a epístola 48 que supostamente fala de Roma como matriz e trono da igreja, simplesmente não existe tal frase. Nada nela é falado sobre ser Roma matriz e trono da igreja. O mesmo se dá também com a 55. Não se fala da comunhão com o papa nela.

Sobre a citação de Agostinho, a lista de bispos que ele dá contradiz o que Roma diz, pois ele diz que a ordem foi,  Pedro, Lino, Clemente, Anacleto, Evaristo; enquanto Roma diz que foram Pedro, Lino, Anacleto, Clemente, Evaristo... Isso clraramente mostra a fragilidade do argumento romanita em apelar para pinceladas descontextualizadas dos antigos pais da igreja. E embora Agostinho gostasse muito da sé romana uma vez que podiam remontar aos Apóstolos, ele não diz em nenhum momento que a lendária sucessão de bispos de Roma significa que estes são novos Pedros.

Além disso a citação de Agostinho usada acima aqui está adulterada. O texto autêntico diz «como transportando numa figura toda a Igreja» "Porque se a sucessão linear de bispos for tomada em conta, com quanto mais certeza e benefício para a Igreja podemos contar para trás até chegarmos ao próprio Pedro, a quem, como transportando numa figura toda a Igreja, o Senhor disse: «Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela»! O sucessor de Pedro foi Lino, e os seus sucessores numa continuidade ininterrupta foram estes... Epístola a Generoso, LIII,2 (NPNF2 12:298)

Agostinho aqui diz claramente que o Senhor disse "Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" a Pedro COMO UMA FIGURA DA IGREJA, não a ele pessoalmente. Assim pois, este fragmento não legitima o papado, mas, ao contrário, o refuta convenientemente.

 

Por fim, gostaria de citar um trecho do próprio Cipriano: “Dá gloria a Deus quem, sendo amigo de hereges e inimigo dos cristãos, acha que os sacerdotes de Deus que suportam a verdade de Cristo e a unidade da Igreja, devem ser excomungados?” (Epístola 74). Veja aí o que ele fala do "papa" Estevam. Ora, quem era mesmo que dizia que os romanos eram inerrantes, Cipriano? Ora, de certo que não.

 

Agora vamos a proxima objeção.


 

Católico Romano
"Você diz que os pais da igreja defendiam a "sola scriptura" de Lutero. Você deveria saber que durante os 4 primeiros séculos não existia bíblia, os ensinamentos eram até então TRANSMITIDOS oralmente, pois foi isso que Jesus ordenou: PREGAI A TODAS AS NAÇÕES! O mais hilário em seus comentários, é que sem saber você usa frases de católicos em suas objeções. Eles defendiam as escrituras, mas quais escrituras? Por acaso Jesus ou os apóstolos deixaram algum catálogo especificando a quantidade de livros inspirados existentes? Existe algum catálogo em que diga que só existiam 66 ou 73 livros que contam a verdade?"

 

RESPOSTA APOLOGÉTICA:

Como já muito bem dito acima, e o romanista propositalmente ignora, o fragmento muratoriano, já por volta do ano 170 A.D, trazia uma lista de livros que eram considerados autênticos, estando a maioria destes livros presentes hoje no nosso NT. Não foi a ICAR que formou o cânon! A igreja (não a ICAR) apenas reconheceu os livros que já eram aceitos por ela mesma.

Os ensinos, não foram transmitidos apenas oralmente. Desde cedo a igreja cristã se utilizou das Escrituras para instruir seus membros. Veja este texto de Justino Martir, um apologista da primeira metade do séc. II: "No dia que se chama do sol [domingo] se celebra uma reunião de todos os que moram nas cidades e nos campos, e ali é lido, enquanto o tempo o permite, as recordações dos apóstolos ou os escritos dos profetas. Depois, quando o leitor termina, o presidente, fala, e faz uma exortação e convite a que imitemos estes belos exemplos. (Justino Mártir, Apología I, 67 ).

Como vemos acima, na igreja antiga eram lidas as "memórias dos apóstolos" e os "escritos dos profetas" e o presidente da congregação (provavelmente os bispos) traziam a exortação com base nestas leituras. Então como é que nos primeiros séculos o ensino era apenas oral, se Justino fala dele como sendo com base nas escrituras já no começo do segundo século. E o texto de Mateus citando PREGAI A TODAS AS NAÇÕES usado pelo romanista, foi usado de forma espúria. O texto não diz que a pregação seria sempre com bases em tradições orais, apenas se ordena que ensinem as nações. Não se fala com base em que. Acontece, entretanto, que logo cedo na igreja tais ensinos já eram embasados nas Escrituras como demonstra Justino. 

Portanto, parodiando a frase do católico acima, "Curamos o catolicismo com a VERDADE e uma BOA REFUTAÇÃO HISTÓRICA" E mais hiláriante nos comentários romanistas é que eles sempre ficam fugindo das conclusões e criando argumentos novos em forma de escape, mas que na verdade são apenas repetições baratas. Podemos citar várias referências patrísticas e eles sempre vão ignorar não comentando nenhuma. Já quando citam alguma frase dos pais da igreja, sempre procuramos explicar que elas não abonam o que eles dizem.

 A única coisa que sabem fazer em um debate, é argumentar em círculos. E isso porque não tem mais o que dizer. Mellhor lhes seria abandonar o debate e irem estudar mais um pouco. E só voltarem quando aprenderem a deixar de serem seletivamente ignorantes e favoritistas, e pararem de usar espantalhos rídiculos.

 

Paz de Cristo a todos!!
Att: Elisson Freire

23/06/2014

 

Nota: Partes da argumentação acima apresentada, foram extraidas de um debate real no qual tive participação. O debate ocorreu em fevereiro deste ano neste grupo de debates...(clique aqui). Contudo um dos exímios argumentadores teve sua conta excluida por motivos desconhecidos, parabenizo mais uma vez o irmão Fabiano Dantas, pela sua excelente posição.